O Festival de Cinema de Gotemburgo de forma a “dar voz” ao isolamento e ao distanciamento social que, infelizmente, fazem parte da atualidade, ofereceu aos seus fãs a oportunidade de assistirem a todo o seu programa de cinema, em total isolamento, em várias ilhas remotas da Suécia.
Uma das principais consequências dos sucessivos confinamentos impostos pela pandemia do COVID-19 foi o aumento da solidão e do isolamento das pessoas. Eles passaram a fazer parte da vida de muitos, razão pela qual o Festival de Cinema de Gotemburgo utilizou o tema do isolamento para promover o seu evento. Segundo a organização, a criação de experiências cinematográficas isoladas foi uma forma de garantir exibições totalmente seguras, mas também foi uma tentativa de processar o modo como a pandemia mudou a relação com o cinema.
A iniciativa do “cinema isolado” possibilitou que alguns espetadores pudessem experienciar o que costuma ser o espetáculo físico deste Festival, apelando à sua consciencialização sobre o evento que foi forçado a ser digital devido à pandemia.
Criado pela agência Stendahls, esta campanha proporcionou a oportunidade a um fã deste Festival passar sete dias numa ilha isolada, tendo apenas o cinema e o mar como companhia. O vídeo da campanha mostra uma rapariga a chegar à ilha, sob um céu cinzento, para iniciar a sua odisseia cinematográfica.
O principal local escolhido para filmar esta campanha foi o farol Pater Noster, isolado na orla de um arquipélago insular no Mar do Norte. A atriz escolhida ficou em isolamento durante sete dias, sem telefone, sem qualquer contato com familiares e amigos, tendo apenas acesso à biblioteca de filmes do Festival como entretenimento.
Esta exibição de filmes teve lugar em mais dois locais durante os onze dias do Festival, estando disponível apenas para uma pessoa por filme. Um dos locais escolhidos foi o ringue de hóquei no gelo chamado Scandinavium, onde apenas um membro do público assistiu aos filmes, no centro do ringue, sem qualquer expectador à sua volta. O outro local escolhido foi o cinema de Gotemburgo, The Draken Cinema, um auditório com 713 lugares, onde cada filme do Festival foi apresentado pelos seus criadores antes de ser visto por qualquer outra pessoa.
Esta campanha, segundo a agência Stendahls, obteve um alcance nos media num valor estimado de mil milhões de dólares, tendo sido captado por mais de 800 canais de media, incluindo a CNN, o The Independent e o The Hollywood Reporter. A experiência isolada de cinema nas ilhas remotas também recebeu mais de 4.000 inscrições de pessoas de 35 países diferentes.