Lubomira Rochet, Chief Digital Officer (CDO) da L’Oréal foi nomeada Global Marketer of the Year 2019 pela Federação Mundial de Anunciantes (WFA). Numa entrevista a Stephan Loerke, CEO da WFA falou sobre o papel dos CDO nas empresas e perspetivas futuras para a indústria do marketing.
Para a marketer o futuro do marketing está intimamente ligado aos serviços, à experiência do consumidor (tanto online, como offline) e à interação direta entre este e as marcas. O grande desafio vai ser conseguir “estar à altura desta nova era do marketing de conversação”. Por essa razão, afirma que é necessária versatilidade aos CDO (Chief Digital Officer), que se impõe pela indispensável adaptação das empresas ao contexto onde estão inseridas e à forma como devem utilizar os dados.
A versatilidade do papel do CDO
Segundo Lubomira Rochet, antes de qualquer outra coisa, é necessário que as empresas estejam atentas à grande transformação que ocorreu no consumidor e na forma como este se relaciona com as marcas. “O Chief Digital Officer, CDO, deverá ser uma espécie de Chief Transformation Officer, alguém com capacidade para traduzir as grandes tendências globais e insights do consumidor em novas capacidades, novas ofertas e novas experiências. De certa forma, diria que o CDO acaba por ser um impulsionador da mudança”, afirma.
A dinâmica global-regional-local no marketing
Existe uma grande necessidade de equilibrar as coisas que são verdade por princípio, tais como a centralidade do consumidor, a experiência de construção de marca, o design, o sentido de propósito e as perspetivas locais. Lubomira Rochet acredita que é de máxima importância que as empresas entendam à cultura onde estão inseridas: “É importante perceber que o ecossistema regional na Ásia nada tem a ver com o ecossistema dos EUA, da Europa, Rússia ou do Médio Oriente. As tendências de consumo são muito diferentes no mundo inteiro.” A concorrência é, cada vez mais, local, e torna-se, por isso, muito importante equilibrar a perspetiva global e a direção da empresa, bem como a sua estratégia global, sem nunca esquecer a cultura local onde esta está inserida.
Data & Tech & Marketing
No centro de tudo o que se faz numa empresa deve estar o serviço que esta presta aos seus clientes, o seu propósito e a sua estratégia. Lubomira Rochet defende que o marketing, à semelhança de todas as outras as funções, tem de se reinventar de forma a conseguir existir no mundo digital. Deverá ter capacidade para integrar novas tecnologias e fazer o tratamento de dados de forma a tornar-se mais eficiente, mais relevante, mais personalizado, sem nunca esquecer que está ao serviço dos consumidores e da missão de uma empresa.
À procura de um marketer unicórnio
Para Lubomira Rochet existem duas competências muito importantes para os próximos anos: a primeira é a capacidade de adaptação, a segunda é a empatia.
Durante muitos anos a mudança era um passo instável, ainda que necessário. Hoje a mudança é o único elemento estável de que as empresas dispõem. Os marketers têm que aprender a ser flexíveis e adaptáveis num mundo que é volátil, incerto e ambíguo. A empatia é a soft skill necessária para que os marketers compreendam as tendências culturais, as expectativas dos consumidores, bem como a melhor forma de liderar as suas equipas e os seus especialistas em ambientes multiculturais e multidisciplinares.
Um papel macro para o Marketing
Hoje em dia, todas as organizações modernas dispõem de departamentos de Sustentabilidade e de Ética. Um dos principais erros é pensar que tudo devia ser feito por eles, quando a sustentabilidade e a ética devem estar no centro de tudo, em todos os departamentos e em todas as atividades da empresa, devendo também fazer parte da área de marketing. E de certa forma o marketing está a despertar para a mudança que está a acontecer relativamente à expectativa dos consumidores no que respeita à transparência, sustentabilidade e responsabilidade.
A ética dos dados
Com a revolução digital e a explosão dos pontos de contato, a quantidade de dados que as empresas recolhem diariamente, aumentou exponencialmente. Lubomira Rochet, acredita que os dados do consumidor a que as empresas têm acesso devem ser utilizados para melhor prever tendências e desenvolver produtos mais relevantes, assim como para os entregar de forma mais personalizada e interagir de forma mais inteligente com os consumidores.
O que vem a seguir?
Dado o contexto muito particular em que vivemos, Lubomira Rochet acredita que há uma grande probabilidade das interações digitais aumentarem ainda mais nos próximos tempos e espera que consumidor passe mais tempo à procura, a descobrir e a comprar produtos online: “O foco deverá estar sobre a forma como as tecnologias digitais podem ajudar a melhorar a experiência do consumidor, sem perder o sentido de comunidade e humanidade que está inerente ao contacto físico e às interações pessoais que se tem, por exemplo, numa loja física.”
Lubomira Rochet acrescenta ainda que se está a assistir ao aumento do comércio social, que vem acompanhado por com um rápido desenvolvimento do streaming ao vivo: “Vemos cada vez mais influenciadores e até mesmo consumidores comuns a tornarem-se bons vendedores online.
Termina dizendo que os consumidores vão querer ligar-se às marcas, através das suas plataformas online, mas também através de mensagens ou chats de vídeo.