Questões a Victoria Loomes, analista sénior de tendências da TrendWatching

Questões a Victoria Loomes, analista sénior de tendências da TrendWatching
30/04/2018 APAN

Victoria Loomes, analista sénior de tendências da TrendWatchingO que são tendências para a TrendWatching e como é que elas surgem?

Definimos uma tendência de consumo como “uma nova manifestação das pessoas – em comportamento, atitude ou expectativa – de uma necessidade fundamental ou de algo que se quer ou se deseja”. Existem três elementos fundamentais que sustentam as tendências do consumidor. Primeiro, as necessidades básicas. Em segundo lugar, os agentes de mudança. E em terceiro, as inovações. Os ingredientes secretos não são, no entanto, um elemento. Pelo contrário, é a tensão criada entre os três elementos quando interagem uns com os outros. Essencialmente, as tendências surgem quando a mudança externa abre novos caminhos para preencher as necessidades humanas fundamentais.

Diz que na TrendWatching estão obcecados por tendências de consumo. O que quer dizer com isso?

Significa que consideramos as tendências de consumo uma ferramenta para ajudar marcas e empresas a criar organizações, produtos, serviços e campanhas que agradem aos consumidores, ao mesmo tempo que preenchem e aumentam as suas expectativas. O mundo dos negócios é competitivo e está em constante mudança. As tendências do consumidor podem ajudar a compreender a realidade, usando isso como uma vantagem. Compreender e acompanhar as tendências permite enquadrar as informações disponíveis para entender as mudanças rápidas. Daí que sejamos obcecados pelas tendências do consumidor, porque elas ajudam a desbloquear oportunidades. E qual é a marca, empresa ou agência não quer fazer isso?

Como podemos distinguir uma verdadeira tendência de uma moda de curto prazo?

Essa é uma pergunta que nos fazem constantemente. Em poucas palavras, o que fazemos é uma tendência e como o fazemos é uma moda ou uma novidade. Já pensámos muito sobre como as tendências aparecem quando a mudança abre novas maneiras de preencher necessidades básicas. Os produtos e serviços específicos que as pessoas usam podem tornar-se modas. Vejamos um serviço como o Tinder, a plataforma para encontros. As pessoas ainda o vão usar daqui a dois anos? Quem sabe?! Mas o que sabemos é que o desejo de conexão instantânea e gratificação social continuará. E a oportunidade para as marcas preencherem essa necessidade – claro – também vai continuar!

As tendências estão a mudar mais rapidamente agora do que há 20 anos? Isso é um desafio para empresas e marcas?

Quer uma resposta rápida? Sim e sim! A verdade é que o que foi em tempos verdadeiramente excecional se tornou completamente regular. Os clientes (e incluam-se nessa definição!) já não estão maravilhados com a eficiência dos mercados globais na satisfação das suas necessidades e desejos. Em vez disso, ficamos desiludidos com os momentos de fracasso. E embora a arena do consumidor seja mais diversificada e variada do que nunca, todos partilham a mesma mentalidade: expectativas incrivelmente elevadas, estabelecidas não pela experiência pessoal, mas coletiva e aplicadas impiedosamente a todo e qualquer negócio, produto, serviço ou experiência disponível. Chama-se a isso Economia da Expectativa. E sim, é um desafio. Mas para as marcas que podem há muitas oportunidades!

Como é que as empresas podem tornar-se inovadoras na orientação para acompanhar tendências?

Devido à Economia da Expectativa é importante construir uma cultura de inovação centrada no cliente e não inovação liderada pelo cliente. As culturas centradas no cliente baseiam-se na compreensão profunda das necessidades e desejos dos clientes, mas também permitem que as organizações tenham liberdade para dar saltos inesperados que levam ao sucesso de longo prazo. 

Disse que a honestidade é a capacidade mais importante de uma marca. Porquê?

Vivemos numa época em que, em muitas regiões, a confiança nas marcas, ONG´s, governos e meios de comunicação social está em crise. Todos os anos, a Edelman analisa a confiança do consumidor e, entre 2017 e 2018, em quase todas aquelas áreas, a confiança permaneceu estagnada. Uma maneira de as marcas e os negócios recuperarem essa confiança é focando-se na honestidade. E quando digo honesto, não quero dizer “não mentir”. Quero dizer, fazer da honestidade um ponto de diferença. Diferencie-se da concorrência. Aproveitar a atenção do consumidor com inovações audaciosas e demonstrações chocantes de honestidade. Porque, embora a confiança entre marca / consumidor tenha sido quebrada, isso não quer dizer que os consumidores não queiram repará-la!

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