O CEO da WFA (Federação Mundial de Anunciantes) reflete sobre a sua presença na COP26 e identifica as cinco áreas chave que as marcas têm de trabalhar nos próximos anos, em matéria de combate às alterações climáticas.
O mundo esteve de olhos fixos em Glasgow durante duas semanas. A COP26 foi repetidamente descrita pelos mais conceituados cientistas do clima como “a última oportunidade” para voltar a colocar o nosso planeta no rumo certo, mantendo o aumento da temperatura até os 1,5 graus.
Embora tenha havido muita cobertura noticiosa negativa sobre o acordo final, para o CEO da WFA houve uma série de aspetos encorajadores nesta COP. Foi uma reunião improvável entre cientistas do clima, ONGs, ativistas do clima, líderes empresariais, políticos e empresários tecnológicos de todo o mundo. Em comum, a partilha do compromisso de travar o aquecimento global e oferecer um futuro às gerações vindouras.
Houve muitas conversas inesperadas, energia e paixão incríveis, encontros improváveis e muita matéria para reflexão.
Há cinco coisas a destacar de uma presença de três dias em Glasgow:
Já estamos a jogar em tempo extra
Existe um sentimento de urgência que está a crescer e que é partilhado por todas as partes interessadas – incluindo os CEOs das maiores, mais importantes e financeiramente mais estáveis empresas do mundo.
Para manter a possibilidade de limitar o aquecimento global a 1,5 graus, as emissões globais anuais terão de ser reduzidas ao equivalente a 29 gigatoneladas de dióxido de carbono. Os compromissos assumidos pelos países antes da COP26 e os anúncios adicionais feitos enquanto esteve em Glasgow representam 12-14 gigatoneladas, se essas promessas forem cumpridas. É um progresso, mas muito mais será necessário nos próximos anos.
A falta de liderança dos líderes globais
A atenção da imprensa centrou-se em grande parte na dimensão geopolítica das negociações climáticas, nomeadamente a rivalidade EUA-China e a ausência dos presidentes russo e brasileiro.
Contudo, essas manchetes não fazem justiça à ação considerável que teve lugar fora da Zona Azul, onde funcionários governamentais negociavam. Todos os veteranos destas cimeiras climáticas disseram que nunca tinham visto empresas, e de um modo mais geral os atores não-estatais – cidades e regiões, por exemplo – envolverem-se a uma tal escala.
O antigo CEO da Danone, Emmanuel Faber, descreveu três iniciativas como sendo potencialmente essenciais neste virar de página:
- O compromisso de pôr fim à desflorestação até 2030, assinado por 100 países representando 85% das florestas mundiais;
- O compromisso dos bancos e gestores de ativos representantes de 130 biliões de dólares (40% do total dos ativos mundiais) para cumprir os objetivos do Acordo de Paris;
- E o anúncio do organismo de contabilização global IFRS de que criará e operacionalizará até 2023 normas globais para que as empresas reportem com base nos mesmos critérios ambientais, sociais e de governação.
O progresso exigirá uma mudança de comportamento do consumidor
Estima-se que 80% dos cortes nas emissões de CO2 conseguidos até à data foram conseguidos graças à tecnologia. Nos próximos nove anos, 50% dos cortes terão de ser alcançados através de uma mudança de comportamento dos consumidores. É aí que entra em jogo o marketing. É aí que as capacidades únicas da nossa indústria – criatividade, inovação e comunicação – terão um enorme papel a desempenhar para incitar as pessoas a comportamentos de consumo mais sustentáveis.
A próxima geração não vai esperar muito mais
Greta Thunberg e os ativistas do clima que foram a Glasgow em grande número estão a expressar a crescente exasperação e as frustrações de toda uma geração. Estão a protestar em voz alta, mas também estão a envolver-se e a fazer coisas. É impressionante o impulso, o engenho e a determinação dos ativistas da Geração Z. Alguns já se encontram em posições de poder, incluindo o incrivelmente impressionante Jerome Foster, um ativista da justiça climática de 19 anos e o mais jovem conselheiro da Casa Branca, na história.
ONGs e ativistas estão à procura de marcas que liderem
Para os que estiveram envolvidos nos debates em torno do marketing responsável de alimentos e do marketing do álcool, parece quase irreal ouvir ativistas a apelar às marcas para liderarem e impulsionarem a mudança. O Planet Pledge, que a Federação Mundial de Anunciantes lançou em abril deste ano e compromete os responsáveis de marketing a impulsionar a mudança de comportamentos, foi unanimemente acolhido na COP26 e o Príncipe de Gales expressou o seu forte apoio à iniciativa.
Stephan regressou de Glasgow com a convicção de que a emergência climática é a mãe de todas as batalhas para a nossa sociedade. E que os profissionais de marketing terão um grande papel a desempenhar. O momento de agir é agora. E isso é o que o Planet Pledge da Federação Mundial de Anunciantes pretende fazer.
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