Conclusões do Congresso de Proteção de Dados 2019

Conclusões do Congresso de Proteção de Dados 2019
09/12/2019 APAN

Conclusões do Congresso de Proteção de Dados 2019Mais de 2.200 profissionais de proteção de dados participaram no Congresso anual de Proteção de Dados da International Association of Privacy Professionals (IAPP), que teve lugar no final de novembro em Bruxelas. Trata-se de um evento que tem crescido exponencialmente a cada ano, refletindo a importância que as questões de privacidade têm vindo a ganhar para empresas em todo o mundo. Catherine Armitage, diretora de Política Digital da Federação Mundial de Anunciantes (WFA) identificou três princípios, que considera serem as principais conclusões a retirar do Congresso.

  1. A publicidade online está definitivamente sob os holofotes da privacidade de dados

A publicidade foi um tema recorrente na conferência. Na sessão de abertura, o renomado académico Alessandro Acquisti apresentou uma análise económica bastante contundente, refutando muitas das alegações da indústria da publicidade online sobre o contributo dos anúncios direcionados para a economia e para os consumidores. Durante a conferência foi lançado o manifesto “Privacidade 2030: uma nova visão para a Europa” (Privacy 2030: A new vision for Europe), um tributo provocatório ao último presidente da Autoridade Europeia para a Proteção de Dados (European Data Protection Supervisor) Giovanni Buttarelli, reconhecendo o “intenso escrutínio” colocado no “capitalismo de vigilância”, e descrevendo a indústria como “saturada com milhares de intermediários, a maioria dos quais não tem contacto direto com editores, publicitários ou consumidores”.

Após as multas do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) à Google pela forma de recolha de dados para publicidade personalizada, as investigações em curso às ad tech pela autoridade britânica de proteção e dados, e as dúvidas sobre o futuro das tecnologias de tracking como as cookies, estas deliberações não devem surpreender os marketers. Não há dúvida de que as práticas de privacidade de todos os envolvidos na indústria da publicidade digital estão, e vão continuar a estar, sob escrutínio nos próximos meses e anos.

  1. As cookies estão na ordem do dia

Houve várias sessões esgotadas sobre políticas de cookies, com oradores do Information Commissioner’s Office e da Comissão Europeia, que debateram as diferentes regras e abordagens para garantir o cumprimento da privacidade na recolha de dados através de cookies, pixels e outras formas de tracking.

O recente relatório da WFA sobre a forma como as empresas se estão a adaptar a este contexto revelou que tanto marketers como profissionais de privacidade apontam a imensa complexidade do tópico como o principal desafio no desenvolvimento de planos de compliance. Esta realidade é resultado, em parte, do cenário legal em constante evolução, no qual as autoridades europeias de proteção de dados divulgam orientações que diferem e até contradizem o que é tido como “bom cumprimento”. Num mundo em que o marketing digital continua a ser orientado pelos dados, os anunciantes vêem-se responsáveis por políticas de privacidade transversais a uma grande rede de diferentes participante como agências, fornecedores de tecnologia, entre outros intervenientes, mesmo sem terem uma ligação direta a todos eles.

  1. O futuro será em torno da ética dos dados

Dadas as perspetivas divergentes quanto à forma correta de implementar o RGPD, é certo que as empresas com uma abordagem puramente legal à política de privacidade vão continuar a enfrentar dificuldades, enquanto as autoridades de proteção de dados procuram resolver algumas das complexas questões em torno da implementação do RGPD. Os anunciantes terão de olhar para lá do cumprimento legal, e refletir sobre a atitude mais correta no que toca à recolha e utilização de dados das pessoas. Considerar esta questão do ponto de vista ético vai ser uma parte crucial para o desenvolvimento de estratégias de dados no futuro.

Membros do Conselho de Ética dos Dados da WFA exploraram este assunto num painel intitulado “Ética de Dados e Publicidade”, mostrando estudos de caso nos quais a utilização de dados poderia ser considerada como anti-ética. O painel também abordou a importância das discussões crescentes em torno da ética dos dados ao nível da Direção das empresas, para garantir que as mensagens são integradas nas organizações numa lógica de topo-base, e que os funcionários podem denunciar práticas que considerem não conciliáveis com os princípios éticos da empresa.

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