Uma edição especial do Trust Barometer da Edelman revela que as pessoas confiam mais informações acerca do novo coronavírus partilhadas pelas empresas em que trabalham do que dos governos ou dos media. Indicadores que chegam num momento crítico e que podem ser uma ajuda para as empresas saberem como podem (e devem) comunicar nesta fase.
O “Relatório Especial: Confiança e Coronavírus” da Edelman ouviu mais de 10 mil pessoas de 10 países diferentes (Brasil, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, África do Sul, Coreia do Sul, Reino Unido e Estados Unidos da América), entre os dias 6 e 10 de março. Uma análise que procurou avaliar os impactos da pandemia do novo coronavírus na confiança e na relação entre as empresas e os seus colaboradores, e quais os canais que a população está a privilegiar para se informar.
Para a Edelman, as conclusões do estudo podem explicar os tempos que agora estamos a viver como consequência direta dos baixos índices de confiança nos governos e meios de comunicação. A maioria das pessoas ignoraram recomendações e alertas das autoridades de saúde, chegavam a duvidar da informação que estas disponibilizavam e confiavam em dados de fontes pouco fidedignas. Simultaneamente, as empresas assumiram uma postura responsável e foram disponibilizando informações de fontes credíveis, como organizações, cientistas, autoridades de saúde públicas, respondendo às necessidades de atualizações frequentes dos seus colaboradores e às suas exigências por medidas de segurança e proteção no local de trabalho.
Apresentamos em seguida as principais conclusões do estudo:
Comunicação interna das empresas como a mais credível
O Edelman Trust Barometer 2020 já revelava as lacunas existentes na confiança dos consumidores nos governos e meios de comunicação social. No relatório que agora apresentam, a maioria dos inquiridos (63%) identificam a comunicação das empresas com os colaboradores como a fonte de informação mais credível sobre a COVID-19. Em segundo lugar, com 58% surgem os sites governamentais e, em terceiro, com 51% os media tradicionais. A falta de confiança nos media é ainda mais acentuada do que no relatório anterior, tendo em conta que 1/3 dos inquiridos assume que não acreditaria nos dados dos meios de comunicação tradicionais se estes fossem a única fonte de informação.
Informação das principais organizações é a mais confiável
Apesar dos meios de comunicação serem o dobro das autoridades de saúde a nível mundial e nacional, a população confia mais nas informações divulgadas por estas entidades. Numa análise mais estratificada, verificamos que os mais jovens preferem as redes sociais (54%) e os media tradicionais (56%) e os mais seniores confiam três vezes mais nos media tradicionais do que nas redes sociais. A preocupação sobre a disseminação de notícias e informações falsas sobre o vírus é partilhada pela maioria dos inquiridos (74%).
Médicos e cientistas eleitos como os porta-vozes mais confiáveis
Ao olhar para o ranking dos porta-vozes em que a população mais confia encontramos os cientistas, a classe médica e os responsáveis das autoridades mundiais e nacionais de saúde no topo (com valores estre os 68% e 83% por cento), e os membros do governo e jornalistas no final da tabela com menos de 50%. Existe também um índice de confiança considerável nas “pessoas comuns como eu” (63%) e no CEO da “minha empresa” 54%. 85% dos entrevistados dizem que preferem ouvir mais cientistas e menos políticos. Percebemos que a desconfiança nos governos é grande quando 60% afirmam que temem que esta crise esteja a ser exagerada por razões políticas.
Necessidade de informações atualizadas
Sete em cada 10 entrevistados estão a acompanhar as notícias da pandemia do novo coronavírus através dos media pelo menos uma vez por dia e 33% assumem que o fazem várias vezes ao dia. A frequência aumenta nos países que tiveram os maiores surtos até início de março (Itália, Coreia do Sul e Japão).
A população espera que os empregadores façam atualizações regulares de informações sobre a COVID-19, com 63% dos entrevistados a requerer atualizações diárias e 20% várias vezes ao dia. Também as autoridades de saúde deveriam fazer comunicações regulares sobre as medidas de prevenção da propagação do vírus (78%) e disponibilização de testes de rastreios (70%).
Preparação das empresas para a pandemia é melhor do que a do país
Oito dos 10 países que participaram no estudo admitiram que a “minha empresa” merece mais confiança do que o país inquirido, no que diz respeito à preparação para gerir esta pandemia. Estes dados vêm mais uma vez confirmar que a população confia mais nas empresas e na capacidade destas responderem com eficácia e responsabilidade aos impactos do coronavírus do que no governo.
Contudo, o estudo também mostra que a população confia mais numa atuação conjunta de empresas e governos no combate ao vírus, do que numa batalha individual de cada uma destas entidades. Existe quase o dobro de confiança num esforço conjunto que na capacidade de os governos entrarem nesta guerra sozinhos (45% versus 20%).
Maiores expetativas estão depositadas nas empresas
78% da população espera que as empresas protejam os colaboradores e a comunidade local. Já 77% assumem que esperam que as empresas se adaptem a esta crise, protegendo os seus colaboradores através do teletrabalho e do cancelamento de eventos, reuniões e viagens não essenciais.
Os inquiridos também contam que as empresas partilhem todas as informações relativas ao impacto do coronavírus na sua organização com os seus colaboradores, desde possíveis infetados dentro da empresa (57%) até à forma como o vírus está a afetar os negócios e operacionalidade (53%). Desejam receber estas informações através de email ou boletins informativos (48%), publicações no site da empresa (33%) e videoconferências / telefone (23%).
Sobre os indicadores que este relatório apresenta, Richard Edelman, CEO da Edelman, defende que “dado o atual estado de falta de confiança, as empresas terão de preencher um vazio cada vez maior – o da escassez de informação credível. Torna-se urgente que tomemos decisões rápidas e que permitamos que os nossos colaboradores se sintam parte integrante de um movimento social mais abrangente que está a combater esta crise. Os CCOs devem iniciar briefings regulares com os colaboradores e com autoridades de saúde para fornecerem conteúdo fiável que pode ser partilhado com as famílias e com a comunidade. Pede-se que promovam iniciativas de teletrabalho para assegurarem que as empresas e os colaboradores contribuem para o conhecimento e não para o pânico” (fonte: Site EDC).
Relatório Especial: Confiança e Coronavírus” da Edelman está disponível AQUI