Em quem mais confiam os consumidores? Governos e media são os menos credibilizados

Em quem mais confiam os consumidores? Governos e media são os menos credibilizados
22/02/2019 APAN

Em quem mais confiam os consumidores? Governos e media são os menos credibilizadosA Edelman divulgou recentemente as conclusões da edição de 2019 do seu Trust Barometer, um barómetro que avalia os níveis de confiança global nas diferentes instituições que compõem a sociedade. Para 76% dos entrevistados, os CEOs deveriam assumir a liderança pela mudança, em vez de esperar que os Governos o façam. Também o Edelman Earned Brand 2018 vem demonstrar que quase dois terços dos consumidores esperam que as empresas assumam uma posição sobre questões sociais ou políticas.

Ano após ano, o Edelman Earned Brand tem concluído que os consumidores compram ou afastam-se de uma marca tendo em conta a associação desta a questões sociais ou políticas. A ética e promoção de causas sociais são movimentos que têm um reflexo positivo junto dos consumidores. 63% dos entrevistados para este estudo afirmam que as empresas/marcas podem fazer muito mais para solucionar problemas sociais que o próprio sector público e 62% defendem que é mais fácil ver as marcas/empresas a resolver problemas sociais do que conseguir que o Governo o faça. Conclusões que corroboram com os resultados do Edelman Trust Barometer 2019.

Para compreender melhor estas tendências, a Federação Mundial de Anunciantes (WFA) está a conduzir um estudo em parceria com a Edelman sobre a relação entre as equipas de marketing e de política, com o objetivo de identificar lacunas e encontrar formas de alinhar as duas áreas para aumentar o potencial de resposta das empresas às novas expetativas socias. Os resultados desta pesquisa serão apresentados no Fórum de Políticas Corporativas, a 27 de março, durante a Global Marketer Week, em Lisboa.

Edelman Trust Barometer 2019 – principais conclusões

75% dos inquiridos do Edelman Trust Barometer 2019 elegeram o “meu empregador” como a instituição em que depositam maior confiança, mesmo com os índices de confiança nas empresas a não ultrapassar os 56%. Este relatório revela que a confiança mudou profundamente no ano passado – as pessoas passaram a confiar mais nos relacionamentos dentro da sua área de controle, principalmente nos seus empregadores. Globalmente, 75% das pessoas confiam no “meu empregador” para fazer o que é certo, significativamente mais do que nas ONGs (57%), nas empresas em geral (56%) e nos media (47%).

  • Divididos pela confiança

Este barómetro avaliou também as diferenças nos índices de confiança entre a maioria da população e o público mais informado e encontrou uma divergência de 16 pontos percentuais. Enquanto no público mais informado a confiança está nos 65%, na maioria da população fica pelos 49%.

  • Um desejo urgente de mudança

Apesar das divergências nos níveis de confiança entre o público mais informado e a maioria da população, em termos globais existe um forte sentimento de necessidade de mudança. Apenas uma em cada cinco pessoas considera que o “sistema” está a funcionar e cerca de metade da população acredita que o “sistema” está a falhar.

Juntamento com o pessimismo e a preocupação, há um movimento crescente em direção ao envolvimento e à ação. Esse desejo é também expresso na necessidade que todos manifestaram de ter acesso a informação factual e no aumento de 22% no consumo e partilha de notícias (40% afirmam que acedem a conteúdos noticiosos mais do que uma vez por semana e partilham-no de forma regular). Os inquiridos declararam ainda dificuldades no acesso a informação factual, com 73% a revelar preocupação com a frequente utilização de fake news como “arma”.

  • Meios tradicionais VS Redes Sociais

As conclusões do barómetro mostram ainda que a confiança nos media tradicionais e motores de pesquisa atingiu níveis máximos, em particular nos mercados mais desenvolvidos, 65% e 62% respetivamente. Por outro lado, a informação veiculada pelas redes sociais continua a registar índices baixos de confiança. Estes dados indicam a existência de uma lacuna considerável entre meios tradicionais e redes sociais, sendo que as maiores diferenças se encontram nos Estados Unidos e Canadá com 31% e na Europa com 26% de diferença neste indicador.

  • O novo contrato empregador-empregado

Apesar da descrença que existe em relação à capacidade dos Governos em promover uma mudança que contribua para melhorar a qualidade de vida, há uma relação que permanece forte com o empregador: de um modo geral, os inquiridos assumem uma forte confiança nos líderes das empresas onde trabalham e elegem-nos como os potenciais agentes de mudança para uma vida e mundo melhores.

Os trabalhadores estão preparados e predispostos para confiar nos seus empregadores. No entanto, esta confiança deve ser conquistada para além do “business as usual”. A expectativa dos trabalhadores de que os potenciais empregadores se juntem a eles na tomada de posição em questões sociais (67%) é quase tão alta quanto as suas expectativas de empoderamento pessoal (74%) e oportunidade de emprego (80%).

O relatório indica ainda que os trabalhadores que confiam nos seus empregadores têm maior probabilidade de se envolverem em ações em prol da empresa com a qual colaboram – defendem a empresa (intervalo de confiança de 39%), mantém-se muito mais leais (38%), estão mais envolvidos (33%) e comprometidos (31%) do que os colaboradores mais céticos.

Esta realidade pode ser uma boa notícia para os CEOs, mas representa também uma enorme responsabilidade: a de preencher o vazio da confiança deixado pelos Governos. Para 71% dos inquiridos é extremamente importante que os CEOs tenham respostas para os “tempos difíceis”. Mais de três quartos da população (76%) concorda que devem ser os CEOs a liderar a mudança em vez esperar que os Governos a imponham. Um valor que aumentou 11 pontos percentuais em apenas um ano.

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