Empresa de laticínios desenvolve app para monitorizar o bem-estar das suas vacas

Empresa de laticínios desenvolve app para monitorizar o bem-estar das suas vacas
08/01/2020 APAN

Empresa de laticínios desenvolve app para monitorizar o bem-estar das suas vacasA Arla, o maior produtor de laticínios da Escandinávia, criou uma ferramenta baseada em inteligência artificial para fornecer aos clientes informações atualizadas sobre o bem-estar das vacas que produzem o seu leite único de pastagem biológico. Uma iniciativa que pretende dar resposta aos consumidores mais céticos sobre o consumo de lacticínios e que defendem opções alternativas.

A onda crescente de movimentos de defesa do meio ambiente e consciencialização para o bem-estar animal tem sido responsável pela redução do consumo de leite e, consequente, queda dos lucros do setor. Esta campanha vem tentar desmistificar a imagem que criaram.

As câmaras com inteligência artificial registam as condições de vida das vacas, desde a nutrição, à quantidade de exercícios ao ar livre que fazem e às atividades que a quinta lhes promove. Estes dados são enviado para a aplicação Arla Iris, a qual permite aos utilizadores avaliar o padrão de vida das vacas em tempo real. Por exemplo, se quiserem saber quantas estão ao ar livre, a aplicação mostra a percentagem que está a pastar naquele momento. Atualmente, a aplicação está a ser testada em Tikka, uma quinta de produção orgânica na região de Kurikka na Finlândia.

Os últimos anos não têm sido fáceis para as empresas de laticínios. O surgimento de opções alternativas aos produtos lácteos, juntamente com as preocupações ambientais, com a saúde no topo da agenda e uma crescente conscientização sobre o bem-estar animal, reduziram os lucros da indústria.

Um cenário que também não é exceção em Portugal, que é já um dos países da Europa onde se tem verificado uma queda mais acentuada do consumo de leite. Segundo dados do INE, o consumo de leite em Portugal baixou 17% entre 2010 e 2016 e desde 2017 que está a baixar cerca de um milhão de litros por mês. Por outro lado, o consumo de bebidas vegetais, alternativas ao leite (como soja, arroz, amêndoa, espelta, coco) tem disparado, tendo-se vendido cerca de 20 milhões de litros no ano de 2018. De acordo com dados da Nielsen, o consumo do leite de soja aumentou 19% só em 2017.

Uma tendência sem sinais de se reverter e que obriga a indústria de lacticínios a reinventar-se e procurar novas estratégias de comunicação que façam face à “demonização dos lacticínios” (uma das objeções mais repetidas pela indústria dos lacticínios).

A Arla considerou que a transparência e a honestidade seria a melhor política e forma de se destacar entre a concorrência, dando razões aos consumidores para escolherem a sua marca. Um estudo do Food Manufacturers Institute, em parceria com a empresa de ciência de dados Label Insight, mostra que 74% dos compradores mudam da marca que costumam comprar para uma marca que fornece informações mais detalhadas sobre o produto, além do que está no rótulo da embalagem. Também um outro estudo da Label Insight, o Driving Long-term Trust and Loyalty Through Transparency, revelou que há um vínculo entre a “saúde” da marca a longo prazo e as práticas de transparência. 56% dos inquiridos admitiram que seriam leais a uma marca para toda a vida se esta fosse completamente transparente e 81% das pessoas disseram que considerariam todo o portfólio de produtos se mudassem para essa marca por causa da transparência.

Em suma, com a confiança pública nas empresas no nível mais baixo de todos os tempos (de acordo com o Barómetro de Confiança da Edelman), sendo transparente e provando que não se tem nada a esconder parece ser a estratégias mais eficaz para colocar os consumidores do lado da marca, ou no caso, a beber leite.

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