Profissionais de marketing e public affairs admitem que precisam de uma maior colaboração entre as equipas, mas reconhecem que a interação ainda está aquém do necessário. São conclusões de uma pesquisa recente da Federação Mundial de Anunciantes (WFA), que contou com o apoio da Edelman e foi apresentada durante a Global Marketer Week, em Lisboa.
87% dos especialistas em public affairs e 68% dos profissionais de marketing consideram que deve existir uma maior colaboração entre estas duas áreas das empresas: os marketers terão de trabalhar mais perto das equipas de public affairs, não apenas para ajudar as marcas a evitar o escrutínio regulamentar, mas também para responder às crescentes exigências da sociedade.
No entanto, segundo o olhar dos entrevistados pela WFA, 65% dos profissionais de public affairs assumem que ainda existe pouca interação entre as equipas em questão, uma visão partilhada por 43% dos marketers.
Quando questionados sobre onde é mais necessário diálogo e colaboração entre estas duas áreas, os marketers respondem que será no interesse da marca (51%), na criação de confiança junto de stakeholders (57%), no interesse da empresa (57%), na gestão de risco (66%), na segurança da marca (69%), na privacidade e recolha de dados (74%) e na reputação institucional e no marketing responsável (ambos 80%).
No estudo, os marketers afirmam ainda que é importante receber mais inputs das equipas de public affairs, uma vez que o público procura cada vez mais marcas que assumam a liderança em questões ambientais e sociais.
Tornar realidade uma maior cooperação, significa enfrentar grandes desafios culturais entre estas equipas. Tanto profissionais de marketing como de public affairs sentem que não são compreendidos. De um lado os marketers dizem que os public affairs não entendem os desafios que enfrentam no seu dia-a-dia (54%), do outro os public affairs dizem sentir o mesmo em relação aos marketers (76%).
A pesquisa da WFA quis ainda perceber qual a perceção que têm sobre a forma como eram descritos pelo outro lado. Os especialistas em public affairs consideram que os profissionais de marketing os apresentariam como “responsáveis pelo compliance” (48%), “bombeiros dos assuntos regulamentares” (41%), “parceiros de negócios” (41%) e “salva-vidas dos assuntos regulamentares” (41%). Perceções que não estão muito distantes do modo como os marketers os descreveram: “responsáveis pelo compliance” (58%), “salva-vidas dos assuntos regulamentares” (50%), “parceiros de negócios” (45%) e “bombeiros dos assuntos regulamentares” (45%).
Já os marketers creem que os seus colegas de public affairs os identificam como profissionais com “foco nos negócios” (71%), que “arriscam e vão além dos limites” (58%) e “criativos” (53%). Na realidade, 74% dos profissionais de public affairs descrevem os marketers como “focados nos negócios”, 57% como “criativos” e 45% como “pensamento de curto prazo”.
«A perceção predominante é que o marketing é mais criativo e voltado para os negócios, enquanto a função de public affairs é focada nas questões regulamentares e de compliance. Uma visão que pode e deve evoluir; existe uma oportunidade para os public affais demonstrarem o valor que podem trazer para o negócio de formas mais atraentes e criativas, posicionando-se como consultores estratégicos com insights únicos que podem contribuir para o crescimento dos resultados», declara Stephan Loerke, CEO da WFA.
O estudo concluiu ainda que:
- 97% das pessoas de public affairs afirmam que podem fazer mais para tornar sua agenda mais atraente para os marketers.
- O marketing aceita algumas sugestões das equipas de public affairs sobre posicionamento da marca, mas poucos a consideram necessária. Enquanto para 17% a sua contribuição é essencial, para 31,4% é bem-vinda e para 37% pode ser útil às vezes, mas não é crucial.
- Menos de 45% dos profissionais de marketing veem os public affairs como parceiros de negócios e apenas 34% os encaram como consultores estratégicos.
Para aceder ao estudo completo: www.wfanet.org/bridgingthegap