A responsabilidade de produzir a XVI Gala dos Prémios à Eficácia foi entregue a profissionais da indústria que estão a enfrentar várias dificuldades, em consequência da crise sanitária que se vive atualmente, através do projeto HAND Creative Chain, que está a dar uma mão a quem está sem trabalho ou a ser dispensado das suas empresas.
Gonçalo Morais Leitão é o fundador deste projeto solidário que descreve como «um movimento que dá a mão a pessoas com muito talento, como publicitários, técnicos, atores, fotógrafos, realizadores, músicos e artistas», mas que não o podem mostrar por estarem sem trabalho. Numa entrevista para a edição de novembro da Webletter da APAN, Gonçalo Leitão explica como foi a organizar esta edição dos Prémios à Eficácia, quais os maiores desafios com que se deparou, explicando como é a experiência de dar a mão a quem mais precisa e como é que toda esta aventura começou.
Como foi organizar esta edição dos Prémios à Eficácia?
Foi muito gratificante. Por duas razões. Em primeiro lugar pelo prestígio destes prémios. Já os acompanho desde 2004 e vieram para ficar como os prémios mais importantes da indústria. Pois não adianta sermos muito criativos se não formos eficazes. E em segundo lugar porque tenho um carinho muito especial por eles, pois já ganhei alguns.
Quais os maiores desafios deste projeto?
Todos sabemos que uma entrega de prémios costuma ser muito demorada. Prémios atrás de prémios, discursos atrás de discursos. Se fossemos com a mesma receita para uma transmissão online correríamos o risco de não conseguir prender muita gente ao ecrã. E esse era o maior desafio: como manter o interesse ao longo da gala? Daí termos começado pelo Grande Prémio dando a entender que a qualquer momento o poderíamos entregar. Daí termos uma banda em palco que cantava um jingle para cada um dos patrocinadores. Daí termos avatares com as caras dos vencedores. Daí termos um mood mais de talkshow e menos de gala tradicional e formal.
Quais os maiores desafios de dar uma mão a quem precisa?
A HAND é uma corrente que tem como objetivo criar e produzir bons conteúdos dando a mão a quem precisa. Mas para que essa mão possa ser estendida tem que haver talento do outro lado. Este é o nosso propósito e o nosso maior desafio. Não cair na tentação de contratar sempre os mesmos, que têm sempre trabalho, mas sim de ir à procura de gente talentosa, mas que está desempregada, ou que não tem tido oportunidades, ou que está encostada porque já é considerada “velha” ainda que continue muito capaz. Foi isso o que fizemos neste projeto com gente muito talentosa dos 20 aos 60.
Como surgiu esta ideia solidária?
A HAND surgiu por duas razões – uma pessoal e outra conjuntural. A pessoal tem a ver com facto de nos últimos dois anos ter andado a realizar e a produzir ficção e publicidade, mas que não me ocupava o tempo todo. E sou daquelas pessoas que precisa da adrenalina do dia-a-dia, que gosta de ter vários assuntos ao mesmo tempo. E o facto de estar muitas vezes parado, deixava-me angustiado. Já para não falar da situação financeira que isso acarretava.
A razão conjuntural tem a ver com o enorme abalo que o mercado sofreu com o Covid agravando a minha situação profissional e a de muita gente. Precisávamos de uma mão. E passados uns meses, qual epifania, nasceu na minha cabeça a HAND com uma forma de ver, pensar e de fazer as coisas diferente. Onde criatividade e produção aparecem juntas para dar a mão a profissionais talentosos que viram as suas vidas do avesso de um momento para o outro. Muitos perderam o emprego, mas não perderam o talento. E é esse talento que a HAND vai agarrar para dar também a mão a clientes/projetos que precisem de soluções diferenciadoras. Tudo chave na mão.