Marcas de tecnologia recorrem à criatividade para combater o vício em smartphones

Marcas de tecnologia recorrem à criatividade para combater o vício em smartphones
03/03/2020 APAN

Marcas de tecnologia recorrem à criatividade para combater o vício em smartphonesO aumento do uso de smartphones tem sido repetidamente associado à diminuição da qualidade da saúde mental dos adolescentes. Os centros de controlo e prevenção de doenças concluíram que, entre 2010 e 2015, os fenómenos de depressão e suicídio aumentaram nos adolescentes em 58% e 65%, respetivamente, e sustentam que a responsabilidade é dos chamados novos media. Apesar de uma outra investigação ter vindo a público refutar essa ligação direta, a mensagem que demasiada tecnologia é prejudicial à saúde das crianças enraizou-se na mente das pessoas, levando os profissionais de marketing a terem de reconhecer esta realidade e a responder de forma concreta a essas preocupações.

As empresas de telecomunicações e os fabricantes de smartphones sentiram-se especialmente pressionados a mostrarem que entendem esta realidade, recorrendo a soluções criativas para promover o uso responsável dos seus produtos. A Spark, maior operadora de telecomunicações na Nova Zelândia, incentivou as crianças a brincarem no exterior, em vez de estarem a olhar para um ecrã, através da criação de uma bola de râguebi com Bluetooth. A bola é ligada a uma aplicação que converte a quantidade de tempo que estiverem a brincar no exterior em tempo para usar num tablet ou smartphone. Assim que o tempo disponível para ver conteúdos no ecrã termina, a app envia um alerta aos pais e a criança deve sair para brincar se quiser conquistar mais tempo para usar o seu dispositivo móvel.

Antes do Dia dos Namorados deste ano, a Deutsche Telekom, a maior companhia de telecomunicações da Alemanha e da União Europeia, concebeu roupa interior inteligente para incentivar os casais a adotar hábitos digitais mais saudáveis e melhorar os seus relacionamentos. A roupa interior escondia um cartão “LoveChip”, ativado por bluetooth. Aos casais era pedido que fizessem download da app “Connected Underwear” e ligassem os seus telemóveis ao “LoveChip”, que tinha de estar a menos de cinco metros de distância. Ao mexer-se enquanto vestia roupa interior, o movimento da pessoa levava à ativação dos sensores de movimento no chip, pedindo ao “LoveChip” que transmitisse um sinal à app para reproduzir uma playlist romântica. O chip enviava também uma notificação ao telemóvel do parceiro, pedindo que ele ativasse o “LoveMode”, que coloca o telefone no modo “Não Incomodar”.

Outras marcas adotaram uma abordagem mais séria. Em 2018, a Motorola incentivou as pessoas a reverem os seus hábitos de uso de telemóvel e a restaurar o equilíbrio das suas vidas. A marca lançou um questionário no seu site, no qual perguntou aos inquiridos sobre os seus hábitos de uso do telemóvel e classificou o seu nível de dependência. Os participantes foram incentivados a fazer download da app Space (uma denominação algo irónica, que mostra que não foi escolhida ao acaso), que monitoriza e define metas para o uso do telemóvel.

A gigante tecnológica chinesa Lenovo também abordou esta questão. Durante o Ramadão em 2016, a Lenovo lançou uma app chamada Hadia Time, que monitorizava o período de tempo em que o telemóvel não estava a ser usado e convertia-o em dados gratuitos. Os utilizadores foram convidados a fazer download da app e, em seguida, a manter o telemóvel bloqueado durante o maior tempo possível entre as 19h e as 22h todas as noites. A cada minuto que o telemóvel não estava em uso, a Lenovo doava um minuto de dados a um trabalhador emigrante no Médio Oriente para que estes pudessem ligar para as suas famílias.

As pessoas que fizeram download da aplicação estavam a ajudar os trabalhadores migrantes a reduzirem a sua distância e as saudades das suas famílias com uma simples chamada e, ao mesmo tempo, eram levados a estarem junto dos seus próprios familiares, gastando menos tempo no telemóvel. No total, cerca de 31 mil pessoas fizeram o download e 2,8 milhões de minutos de dados foram oferecidos a emigrantes.

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