A utilização de tecnologias vai tornar-se ainda mais recorrente no mundo empresarial. Retomar o foco nas pessoas e no propósito, equilibrando com o financeiro, os valores e as metas, é o maior desafio que as empresas terão de enfrentar na era da transformação digital. Esta é a principal conclusão do Technology Vision 2020 da Accenture, que demonstra que as grandes companhias voltaram a priorizar a criação de valor tendo em vista as expetativas dos seus clientes e colaboradores.
Para mapear as tendências tecnológicas para os próximos anos no Technology Vision 2020, a Accenture entrevistou, durante o ano 2019, mais de seis mil executivos e profissionais de TI e dois mil consumidores, em 25 países diferentes.
Com o título “Nós, os pós-digitais: a sua empresa consegue sobreviver ao choque tecnológico?”, o estudo mostra que, embora a tecnologia esteja mais integrada do que nunca na vida das pessoas, os esforços das organizações para responder a essas necessidades e expectativas podem ficar aquém. As preocupações com segurança, privacidade e questões éticas mantêm as pessoas cautelosas em relação às inovações tecnológicas digitais em evolução nas empresas. Para liderar nesta nova era, será necessário trabalhar para redefinir a ligação entre as pessoas e a tecnologia, e desbloquear a promessa de um mundo melhor e mais fácil através da tecnologia.
De acordo com esta análise, procurar manter os modelos de negócios vigentes pode não ser bem encarado tanto pelos consumidores, como pelos colaboradores, além de limitar permanentemente o potencial de inovação e crescimento. As empresas continuam a construir produtos e serviços tecnológicos com manuais do passado.
Destacam-se ainda outras conclusões:
Tecnologia como extensão das pessoas
Fala-se muito nas contracorrentes que se opõem à evolução tecnológica, mas os factos demonstram o contrário: as pessoas estão a utilizar a tecnologia mais do que nunca. De acordo com a pesquisa da Accenture, 52% dos consumidores dizem que a tecnologia desempenha um papel de destaque ou está presente em todos os aspetos da sua vida quotidiana. 19% chegam mesmo a afirmar que a tecnologia está de tal forma enraizada nas suas vidas que a veem como uma extensão de si mesmas. Globalmente, as pessoas gastam em média 6,4 horas online por dia.
Criar experiências com foco nas pessoas
As empresas devem desenvolver experiências personalizadas que amplifiquem as ações e as escolhas do indivíduo. Os públicos passivos passam a participantes ativos através da transformação de experiências – que podem levar as pessoas a sentir que não têm controlo e são colocadas à margem – em colaborações mais genuínas. Cinco em cada seis inquiridos (85%) acreditam que, para competir com sucesso na nova década, as empresas precisam de mudar a mentalidade em relação aos clientes e tratá-los como parceiros.
As empresas devem oferecer experiências focadas no ser humano, de acordo com o que as pessoas esperam e não seguindo os guiões pré-estabelecidos pelos pioneiros digitais. O caminho a seguir deve ser guiado pelas expetativas dos consumidores – o sucesso da próxima geração de produtos e serviços depende da capacidade das empresas elevarem a experiência humana, adaptando-se ao mundo que estão a criar.
A inteligência artificial (IA) vai moldar o mercado da tecnologia em 2020
A IA deve contribuir para complementar a performance das atividades de trabalho e não ser apenas encarada como uma forma de automação. À medida que os recursos de IA aumentam, as empresas precisam repensar o trabalho para que a IA se torne uma parte integrante do processo de produção que gere confiança e transparência em questões centrais. É necessário que as empresas adotem novas abordagens que conciliem o uso desta ferramenta digital com os processos humanizados, para que homem e máquina trabalhem em conjunto com o máximo de eficiência.
Atualmente, apenas 37% das organizações apostam numa organização inclusiva ou nos princípios organizacionais centrados nas pessoas, para melhorar a colaboração entre pessoas e máquinas. Por outro lado, 55% dos entrevistados acreditam que os colaboradores vão descobrir formas fáceis de lidar com a automação da robótica.
Quando questionados se estão a fazer uso da IA aliada à força de trabalho, somente 23% das empresas respondem afirmativamente.
O dilema das atualizações constantes
As suposições sobre os direitos de propriedade de um produto são colocadas em causa neste mundo que vive em constante revolução tecnológica. As empresas procuram introduzir as novas gerações de produtos impulsionadas pelas experiências digitais. Lidar com esta nova realidade será cada vez mais a chave para o sucesso. O futuro não passa por encontrar uma ferramenta tecnológica que dê resposta às nossas necessidades, mas por uma redefinição da forma como pessoas e tecnologia se podem interligar.
Na globalidade, os executivos já estão cientes desta tendência, tendo em conta que 74% dos inquiridos pela Accenture afirmaram que os produtos e serviços digitais das suas empresas passarão por atualizações significativas nos próximos três anos.
A revolução das máquinas
A robótica já não está confinada à produção em fábrica. Com o 5G, assistiremos a uma aceleração no ritmo de crescimento desta tendência e todas as empresas necessitarão de repensar o seu futuro pelas lentes da robótica. Contudo, os executivos entrevistados pela Accenture têm visões divergentes sobre a forma como os seus colaboradores devem lidar com a robótica: 45% afirmam que estes devem encarar o trabalho com robôs como um desafio, enquanto 55% acreditam que os seus colaboradores irão descobrir facilmente como trabalhar com robôs.
O Technology Vision 2020 está disponível AQUI.